sábado, 5 de maio de 2012

esses versos

esses versos são para você
que me fez feliz
que me trouxe a paz e a guerra
que me acorda de noite e não me deixa dormir

esses versos não poderiam ser para ninguém mais
do que você
que me faz morrer a cada dia
que troca minha pele de cobra a cada semana
com vidro quebrado

escrevo hoje mesmo para essa pessoa que mesmo sem saber
me tira a cada dia o dia
a cada minuto o escudo
a cada hora a escola
a cada momento o desenho
do que poderia ser o futuro

escuro, escuro, escuro, escuro
seu desenho na memória dói na face mais presente desse muro

criança nova, nova mesmo
quase ingênua
quase cruel
quase um pouco besta
quase sempre fiel

te conheço nos percalços da inconsciência
sonhando em ti, perco-me
em meus caminhos tão longínquos

é por seres dor
que me aproximo
é por não saber o que é liberdade

o futuro, eterno mistério, nos guardarias remédios?
casamentos, despedidas, cemitérios?
ruas, rodovias, aeroportos, amigos e ausências?

mas nunca mais violência
mas nunca mais feridas abertas
competição
obstáculos
mortes

que possa chegar a seu peito
o recado que mando
desse hemisfério
via carta virtual
virótica
intempérie

doa a quem doer
que passe
percebida ou pelos cantos

com a incompreensão da natureza imprevisível desse enlace
beijo fraterno

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