domingo, 5 de agosto de 2012
a alma e o vaso - Marcos Fonseca
Algumas almas, de tanto que se faz,
Permanecem, permanecem unidas,
Tentando aos poucos ser uma só
Como um lindo vaso de porcelana,
Onde não se vê o menor sinal
De que há, e por certo há, uma falha.
O vaso, porém, em um dia de chuvisco,
Parece ter uma fina rachadura em sua base,
Aos poucos se ouve um ruído silencioso,
E a porcelana de que é feito se rompe,
revelando que tal chuvisco, quem saberá,
Não foi um anúncio, mas um fim lento.
A alma sai assim de seu conforto,
Resolve agir, separar-se, recolher-se, indignar-se talvez.
Ela já havia, afinal, vivido tacitamente
A tempestade que lhe afligia,
Como se não quisesse que a outra alma
Soubesse de sua existência.
Agora faz sol, um pouco de um calor gelado...
A alma restante, quase atônita, vive a solidão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário