para falar a verdade

pra falar a verdade
não sei se sim
e nem se não

só sei enfim
que o meu sentir
é um caminho antigo
que se faz presente
na compreensão

ciência

Dai-me ciência
para poder escutar a voz do coração
obediência às razões que ali encontrar

sinto um sincero desejo de alinhamento
e gostaria de escolher o caminho
pelo qual iremos trilhar

sua mão é quente
por vezes firme
em outras tantas é trêmula
a minha também

mas não façamos do questionar
uma mentira
façamos do sentir
uma certeza

amor

quem é você?

quem é você?
que me preenche o peito
abraçando o cantar do galo
e dando as mãos com o levantar do sol

onde você mora?
que pacifica a onda suave
da casa tediosa
no frescor da noite
de um dia quente de verão

com que você se diverte?
trazendo risos
onde não há razão
roubando beijos
onde não havia paixão

que idioma você fala?
a voz rouca das palavras do vento
ou da linguagem das samambaias
o olhar dos cactos
e das gramíneas

em quais águas você se banha?
conservando a pureza
de quem apenas nasce
cheirando a flores
que desabrocham

onde você se deita?
em qual cama
em qual cidade
em um movimento ameno
de lençóis
e travesseiros brancos
em plumas
renasço

ouvidos à paciência

dar ouvidos à paciência
dar olhos à beleza
dedicar neurônios à inteligência
e pernas à persistência

estômago para digerir os maus pensamentos
e fígado para as mágoas
dar intestino para os medos
e coração para as escolhas

doar sangue para a comunidade
e trazer células brancas e vermelhas
para dentro do plasma

os pelos protegem da insegurança
os dentes brilham na confiança
cabelos encantam, enlaçam

pulmão para a vida
ossos para a resistência
ombros à soberania
espinha para o superior

guarnição às unhas
pôr pele nos espaços que se ocupa
ganhando corpo

dar alegria ao espírito
para subir cada dia mais
e purificar nossa compreensão