domingo, 7 de agosto de 2016

Fui na onda

fui na onda fui
disperso
acreditando estar imerso
me vi nu
na rebordosa

xis na vida
vento em prosa
dei na trela
riba e guela
gela o pinto na varanda
quem viu pouco
certo é cego

xote manso me levou
ribanceira arrematou
caí feito marreco
em dia de loteria

deram falta
noutro dia na alvorada
sem nem galo
sem nem nada
vida farta de galinha
cacareco, xico-xico
foi na prova da barriga
que levaram
as minhas xitas

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

sabe quando?

sabe quando o vento parece que parou de soprar?
quando a terra parece que parou de brotar?
- sei
quando a vela acabou de queimar?
ou quando a gente esquece do mar?
- sei
sabe quando as pedras parecem dormir e roncar?
quando a chuva é interminável?
- sei
- sei quando o tempo parece que não existe mais
quando a face se escondeu e parece que ri da gente na escuridão...
- sei de tudo isso e ainda mais
por que você não assume logo, de uma vez, não encara levantar e esquecer de toda essa lenga-lenga?
- quando for a hora, assumirei
eu e tu você e eu.
Nós no embalo da noite, cavalgando a doída estrada da vida
por que tanto tem que pisar?